terça-feira, 14 de maio de 2013

Mais de 17 mil galegos pedem "acesso" à riqueza da língua portuguesa



O empresário galego Xosé Carlos Morell vai apresentar a "Iniciativa Paz-Andrade" (IPA) aos quatro partidos com assento parlamentar e explicou à Renascença quais os objectivos desta proposta que pretende criar pontes com a lusofonia e beneficiar das grandes semelhanças linguísticas entre o galego e o português. "Pretendemos que nós, galegos e galegas, tenhamos acesso, por intermédio das instituições públicas, à riqueza da língua portuguesa", afirma. 
"A nossa iniciativa legislativa concretiza-se de três maneiras: a primeira visa uma presença da língua portuguesa no ensino da Galiza", diz. Xosé Carlos Morell, que trabalha como director de exportações de um grupo galego de adegas, considera haver "um défice" neste campo, "já que outras comunidades autónomas do Estado espanhol têm esta presença" e a Galiza, "tendo a mesma língua ou uma língua similar a Portugal, não tem quase nada". Esta região espanhola tem menos de 600 estudantes "que têm o privilégio", na opinião dos promotores da iniciativa, de "aprender português", enquanto na Estremadura e na Andaluzia são "dezenas de milhares", indica o empresário.
Em segundo lugar, a IPA pretende "o relacionamento, a vários níveis das instituições galegas de todo tipo - económico, cultural, ambiental - com os países lusófonos e que esses países também participem nas actividades galegas".
Xosé Carlos Morell refere ainda a parte da proposta que está mais perto de se materializar: "Algo que já se aprovou no parlamento galego, que é a recepção das televisões e rádios portuguesas no nosso território. Há uma directiva europeia que convida os governos a facilitar isto. Na Galiza, certamente por motivos técnicos, o assunto ainda não está resolvido".
"Foi na 'Gallaecia' que nasceu a língua portuguesa"Quanto às vantagens que esta iniciativa pode ter para os próprios portugueses, Xosé Carlos Morell considera que são várias, embora sublinhe o peso relativamente pequeno da comunidade galega quando comparada com a comunidade lusófona.
"Somos 2,8 milhões de habitantes, mas o facto de a língua portuguesa poder ser existir em mais um Estado-membro da União Europeia pode ter para Portugal consequências positivas, tanto como para nós", defende. 
O empresário lembra ainda as possibilidades ao nível cultural. "Foi na 'Gallaecia' que nasceu a língua portuguesa" e a actual iniciativa pode potenciar a disseminação do português actual "já espalhado pelo mundo".
A terminar, Xosé Carlos Morell dá ainda um exemplo de como a língua portuguesa pode facilitar as relações de negócios entre os países que a partilham. "Na semana passada estive em São Paulo, no Brasil, e também em Florianópolis, onde tenho uma muito boa relação em geral com os empresários de lá", começa por explicar. "O nosso grupo de adegas iniciou a sua actividade na China, que actualmente representa uma parte muito importante do nosso volume de facturação através de Macau, [resultado de] contactos feitos através de empresários da hotelaria e do sector da importação de vinho que têm relação com Portugal e, através de Portugal, connosco."
Esta iniciativa legislativa popular, que pretende aproximar ainda mais os galegos dos portugueses, vai ser debatida e votada na sessão plenária do parlamento da Galiza por volta das 10h00 (hora de Lisboa).
No que toca à aprovação da proposta no parlamento, a comissão promotora acredita no sucesso da iniciativa. "Confiamos que sejam uns dignos representantes do povo que dizem representar. Não deve haver nenhum motivo de tipo ideológico ou programático que impeça que os partidos deem o seu apoio a esta iniciativa.

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